Depois de passar por Myamar, Hillary Clinton declarou-se entusiasmada com os progressos na democracia, feitos pela ditadura local.
Meses depois, Obama, primeiro presidente a visitar o país, saudou a democracia nascente, estimulando seu governo a prosseguir com suas reformas liberais e democratizantes.
Na ocasião, alguns ativistas de direitos humanos da antiga Birmânia não compartilharam tanta euforia. Para eles, os chefes militares que compõem o governo mudaram muito pouco: a repressão e a violência étnica continuariam a correrem soltas em muitas regiões.
Nem bem Obama partiu, viu-se que eles poderiam ter razão.
Talvez confiando nas novas leis de liberdade de expressão e de greve, os trabalhadores da mina de cobre de Monywa, de propriedade dos militares associados a firma subsidiária de uma indústria chinesa de armas, realizaram uma gigantesca demonstração.
Eram milhares de trabalhadores indignados, protestando contra um projeto de expansão, com investimentos de 1 bilhão de dólares, que deveria demolir dezenas de aldeias.
O governo não ficou indiferente.
Enviou uma frota de caminhões, que desembarcou nos 6 acampamentos próximos à mina grande número de soldados. Eles logo entraram em ação.
De forma nada civilizada.
Segundo a mídia local, as forças da ordem usaram bombas de fósforo, gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes.
50 trabalhadores saíram feridos, além de 28 monges budistas.
O exército venceu, mas o governo de Myamar levou zero nesse teste de democracia.