Síria: os EUA tentam controlar a revolução.

Os EUA tem estado entre os mais ardentes críticos do regime Assad.

Em várias ocasiões tentaram conseguir condenações das ONU, vetadas por China e Rússia por temor de que seria o início de uma escalada militar.

Mas, enquanto países como o Qatar e a Arábia Saudita fornecem armas aos rebeldes, os americanos só tem entrado com a chamada ajuda “não-letal.”

O motivo é claro.

Grande parte dos combatentes da oposição pertencem a milícias religiosas anti-americanas e a jihadistas, tipo Al Qaeda.

Muitas das armas americanas acabaria indo para esses grupos, que posteriormente poderiam usá-las contra os próprios EUA.

Isso aconteceu no Afeganistão, quando armaram os seus, hoje inimigos, talibãs.

É até possível que na Líbia, o atentado contra o embaixador americano tenha sido feito com armamentos made in USA.

Segundo Omar Mushaweh, da Irmandade Muçulmana síria: “Os americanos não tem apoiado a revolução com a força necessária porque ainda esperam encontrar alguém que possa garantir seus interesses no futuro.”

Parece que encontraram agora.

Surpreendentemente Hillary Clinton acaba de desprezar o atual Conselho Nacional Sírio (SNC), até então apoiado pelo Ocidente como representante do movimento revolucionário contra o governo sírio.

“O SNC não pode mais ser considerado o líder da oposição”, ela disse.

Definindo como deveria ser o comando revolucionário, ela concluiu: “Precisa ser uma representação daqueles que estão na frente de batalha, lutando e morrendo hoje para conseguir a liberdade.”

E afirmou ainda que os dirigentes atuais podem ser muito legais, mas vivem fora da Síria há 30, 40 anos…

Até aí, tudo bem.

Líderes de todos os grupos anti-Assad aceitaram essas ponderações. E estão reunidos em Doha para discutir uma nova estrutura de comando.

Os EUA propõem que se eleja um conselho de 50 membros, formado por 15 representantes do SNC, 15 de outros grupos oposicionistas e 20 da oposição dentro da Síria.

O pessoal do SNC até agora ainda não entregou os pontos.

Querem manter o domínio dessa nova estrutura.

Tem o apoio da Turquia, muito importante por sua proximidade e pela sua grande força política na região.

Ao propor mais poder aos que participam da luta armada, os EUA parecem já ter conseguido grupos prontos a formar a seu lado.

Se esses grupos conseguirem posições importantes na nova estrutura de comando revolucionário, os americanos terão a quem enviar armas.

Sem risco de virarem seus alvos.

 

 

 

 

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