Em reunião dos países ditos “amigos da Síria”, Hillary Clinton responsabilizou diretamente a Rússia e a China pela continuação do conflito na Síria.
Kofi Anam concordou, mas também lembrou o papel de outras nações que mandam armas e dinheiro, o que equivale a jogar gasolina na fogueira.
Os EUA comparecem com recursos financeiros, esclarecendo, hipocritamente, que são para usos “não-letais”, quando é sabido que os rebeldes os aplicam na compra de armas.
Armamentos iranianos e sauditas fortalecem respectivamente o governo e a oposição – que também é ajudada de diversas formas pela Turquia e pelo Qatar.
A acusação de Kofi Anam foi repetida por Navi Pillay, chefe da Comissão de Direitos Humanos da ONU: “A contínua provisão de armas ao governo sírio e aos seus oponentes acrescenta violência adicional.”
Anam deixou claro que essa foi uma das razões principais do fracasso de sua missão de paz.
Na verdade, mais do que a preocupação pelos direitos humanos, são os interesses políticos que norteiam a ação das potências associadas ao conflito.
Os EUA e seus aliados, a Arábia Saudita e o Qatar, não aceitam nenhuma outra solução que não seja queda do regime de Bachar Assad, pois assim o Irã perderia seu maior aliado no Oriente Médio.
Foram interesses políticos que levaram Hillary Clinton a vetar os iranianos nas negociações de paz, apesar de Kofi Anam ter afirmado que o envolvimento do Irã nessa questão “não pode ser ignorado”.
Admitir a participação deles seria contrariar a política americana de isolar Teerã como um país fora-da-lei (“rogue state”).
É óbvio que seria do interesse da paz contar com a ajuda do Irã devido à sua importante relação com o governo Assad.
Os interesses políticos da Rússia e do Irã os levam a opor-se a uma solução militar contra seu aliado, Assad.
Já a posição da China se insere no contexto de sua política de contenção dos avanços internacionais dos EUA.
Todas estas potências e mais a França, cuja política externa na região vem repetindo Sarkosy , deveriam ouvir Kofi Anam, quando ele declarou : “Continuarão esses países (que fornecem armas à Síria) no caminho que vem seguindo, que levará a uma competição destrutiva na qual todos eventualmente perderão? Mais do que em qualquer coisa, deveremos pensar no sofrimento dos sírios e do povo da região.”