O Sahara Ocidental foi colônia da Espanha, a última em todo o mundo.
Em 1971, um grupo de jovens saauris fundou a Frente Polisário, com o objetivo de promover a independência de seu país.
Dois anos depois, o Polisário iniciou uma guerra de guerrilhas contra o governo espanhol.
Em 1975, a Espanha entregou sua colônia ao Marrocos, cujas tropas rapidamente ocuparam a região.
Como o Polisário não interrompesse suas operações, o governo do Marrocos ordenou uma autêntica limpeza étnica, expulsando 150 mil saauris para campos de refugiados no meio do deserto.
Mas os insurgentes continuaram lutando, agora contra as forças marroquinas.
Em 1979, a ONU reconheceu a Frente Polisário como o representante do Sahara Ocidental na organização.
Em 1988, aconteceu um cessar fogo por pressão da ONU.
As partes concordaram em realizar um referendo para que a população do Sahara Ocidental decidisse se queria a independência ou aceitava a proposta do Marrocos : estatuto de autonomia, no interior do Estado governado pelo rei Mohamed VI.
O referendo foi marcado para 1991, mas nunca se realizou.
O governo marroquino lançou mão de vários recursos para adiar sempre, contando com o apoio da França, cujo Presidente, Sarkosy, esmerou-se em encontrar subterfúgios para evitar a ação do Conselho de Segurança da ONU.
Enquanto isso, o Marrocos promoveu sistemáticas violações de direitos humanos contra a população do Sahara Ocidental, documentadas pela Anistia Internacional.
Em 2006, Relatório do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU também constatou os abusos e recomendou que houvesse um monitoramento permanente da situação dos direitos humanos no Sahara Ocidental.
Recentemente, o Reino Unido e a União Sul-Africana insistiram numa solução para esse conflito de decênios.
No entanto, o próprio Ban-Ki-Mon reconheceu que o monitoramento feito pela Comissão dos Direitos Humanos é falho. Ele declarou: “A MINURSO (nome da comissão) é incapaz de exercer integralmente suas funções de monitoramento da paz, observação e (elaboração de) relatórios.”
Os relatórios são modificados por pressão das autoridades marroquinas e francesas. A polícia controla o acesso ao local onde deveriam se realizar depoimentos à MINURSO. Isso atemoriza a população, que fica sem coragem de expor seus problemas de forma independente.
Enquanto isso, inexplicavelmente, não se fala mais no referendo que a própria ONU havia marcado para 1992.
Já é perfeitamente explicável o empenho com que Sarkosy colabora com seus aliados do Marrocos para manter o Sahara Ocidental subjugado.
O país possui grandes reservas de petróleo e fosfato. Caso conseguisse a independência, ele se tornaria um dos mais ricos da África.