Com a Primavera Árabe triunfante no Egito, esperava-se o fim do bloqueio de Gaza pela fronteira com esse país.
Mas os militares que assumiram o poder tinham outros planos.
Logo disseram que iriam manter o tratado com Israel. Depois falaram em algumas mudanças. Por fim, tudo ficou indefinido.
Como a pressão popular era muito grande, eles permitiram o trânsito de pessoas entre Egito e Gaza.
Com algumas restrições.
Enquanto isso, a passagem de mercadorias continuou proibida. E o crescimento da Faixa da Gaza viu-se impedido pela impossibilidade de exportar e importar.
Alguns meses depois da posse do novo governo egípcio, Israel fez mais um de seus periódicos bombardeios, “em retaliação” a foguetes inócuos lançados por extremistas, destruindo a única usina produtora de energia de Gaza.
Convocado pelo Hamas, o povo de Gaza fez uma manifestação de protesto junto à fronteira egípcia, pedindo que esse país fornecesse o combustível necessário para suprir a carência de energia da região.
A essas alturas, o Parlamento egípcio já estava funcionando e diante da maioria dos deputados pró Gaza, os militares não tiveram como negar.
Agora, a Irmandade Muçulmana, que tem o maior número de parlamentares nas duas casas legislativas, exige uma solução definitiva.
“ Eu quero que a abertura seja completa, de modo que todos que desejem viajar para Gaza possam fazê-lo pelo Egito”, afirmou Mohamoud Ghoslan, em nome da Irmandade Muçulmana. ”Nós apoiamos também a abertura da passagem para importação e exportação.”
A Irmandade tem grande poder. Além disso, a causa da libertação de Gaza é partilhada por quase todos os partidos.
É possível que os militares, que exercem o poder executivo, cedam à pressão e concordem em desbloquear Gaza logo.
Caso contrário, Gaza terá de esperar até junho, quando o Egito terá um novo presidente.
Todos os candidatos já apresentados são a favor do fim do bloqueio.
A Primavera Árabe poderá atrasar-se mais alguns meses.
Mas há de chegar em Gaza.