Em 1995, o ex-capitão aviador Adolfo Scilingo confessou publicamente ter atirado 30 revolucionários ainda vivos do seu avião para o mar.
Era a confirmação dos vôos da morte da ditadura militar argentina.
Suspeitas já havia muitas, a partir de cadáveres encontrados nas costas do Uruguai e da Argentina.
Investigações então realizadas descobriram que, depois de narcotizados com drogas na Escola de Mecânica da Marinha Argentina, muitos rebeldes de esquerda foram embarcados em aviões que os levaram para serem jogados ainda vivos no mar.
Pela Escola de Mecânica da Marinha, transformada pela ditadura em centro de torturas, passaram mais de 5.000 prisioneiros políticos, dos quais a maioria nunca mais foi vista.
Agora chegou a hora dos responsáveis por esses crimes serem julgados.
Os pilotos dos vôos da morte além de alguns civis, totalizando 68 réus, terão de responder a acusações pela morte de 789 vítimas.
Entre os réus estão: Julio Poch, extraditado da Espanha onde fez carreira em companhias de jatos comerciais; os oficiais Enrique José de Saint e Georges Mario Arru, que trabalharam na Aerolineas Argentinas, depois da ditadura; o aviador naval aposentado Emir Sisul Hess; Juan Aleman, secretário do Tesouro durante a ditadura militar, envolvido em torturas; o Procurador Gonzalo Torres de Tolosa, que participou de alguns dos voos da morte; o aviador naval Emir Hess e o ex-capitão Alfredo Astiz, chamado o “Anjo da Morte”, que já cumpre pena de prisão perpétua por crimes contra os direitos humanos.
A ditadura militar governou a Argentina entre l976 e 1983, tendo matado mais de 30 mil pessoas e torturado um número indeterminado.
Já foram condenados dezenas dos responsáveis, inclusive generais, almirantes e até ex-presidentes.