Se a próxima eleição presidencial fosse amanhã, Donald Trump já poderia ir fazendo as malas. Suas chances de mais uma temporada na Casa Branca seriam pequenas.
Pesquisa da Politico/Morning Consult, no fim de maio, mostrava que qualquer dos prováveis candidatos democratas o derrotaria por 46% dos votos contra apenas 36%.
No mesmo mês, a Zogby pesquisou a candidatura Trump contra as de cada um dos seus adversários.
Bernie Sanders foi quem se saiu melhor: 48% versus 38% para The Donald. Somou-se ainda a seu favor a grande vantagem por ele obtida no eleitorado independente: 46% o preferiam, 36% estavam com o presidente republicano.
Apesar disso, nas casas de apostas, Trump é o favorito, enquanto Sanders fica apenas no terceiro lugar, superado por estreita margem pela estrela ascendente, a senadora Kamala Harris, defensora dos direitos humanos. O ex-vice, Binden, vem depois, empatado com a senadora Elizabeth Warren, a grande inimiga de Wall Street.
Os novos tempos de um alinhamento mais avançado do Partido Democrata parecem ter chegado, já que Sanders, Warren e Harris- três dos quatro principais políticos cotados para enfrentar o presidente- são progressistas, lideram a esquerda do partido. Só Binden pode ser considerado um liberal, com tintas carregadas de conservadorismo.
Em agosto, as perspectivas democratas continuam risonhas. A média dos resultados das principais agências de pesquisa mostra que 52,5% da população classificam o governo republicano como mau, enquanto que, para 42%, ele estaria fazendo um bom trabalho.
Este quadro pode ainda melhorar ou piorar este momento, um tanto desconfortável para Donald Trump.
Foi significativo o resultado das 8 eleições especiais (para substituir parlamentares que se retiraram), exatamente aquelas que os analistas qualificam como mais relevantes.
Os democratas venceram em 7.
No entanto, ainda não dá para o partido de Bernie Sanders encomendar o bourbon para a festa da vitória.
Para desalojar os republicanos do domínio que ora detêm nas duas casas legislativas, seus rivais precisariam triunfar com uma grande maioria de votos na Casa dos Representantes. No Senado, bastaria uma vantagem bem menor.
Diz o The Hill que, na Casa dos Representantes, os democratas provavelmente ganharão, devendo conquistar entre 10 a 70 vagas dos republicanos. Se, porém, o GOP (Great Old Party) perder menos de 31 parlamentares, continuará dando as cartas.
Com apoio dessa maioria, o governo Trump teria boas condições para sair ileso da investigação do Russiagate. E ainda poderia ver seus planos de governo aprovados. Dois fatos com chances de ampliar seu eleitorado, tendo em vista a eleição presidencial de 2010.
Mas, no momento, os ventos sopram a favor dos democratas.
Em 15 de agosto, pesquisa da Universidade de Quinnipiac revela que há uma boa probabilidade deles ganharem 9 cadeiras a mais do que o partido do governo.
Com isso, conquistariam a desejada maioria.
Seja como for, espera-se que o Partido Democrata aumente substancialmente suas bancadas, hoje minoritárias tanto no Senado, quanto na Casa dos Representantes.
Essa virada na política americana delineia-se nos resultados da pesquisa da Universidade de Quinnipiac, publicada em 15 de agosto de 2018. Eles demonstram que The Donald não é bem visto pelos americanos. Longe disso.
E tem mais: comparando com o que a Universidade de Quinnipiac apurou em fevereiro deste ano, vemos que a queda de Trump parece já ser uma tendência definida. Como se sabe, tendências só costumam mudar se acontecerem fatos novos enormemente valorizados pela comunidade.
Solicitados a avaliar o governo atual, 38% dos respondentes disseram que seria bom ou ótimo. Muito pouco diante dos 58% que o consideraram mau ou péssimo. Na pesquisa de fevereiro, os números eram menos desagradáveis para The Donald, respectivamente, 48% e 55%.
Já na economia, Trump fez bonito. Há quatro meses perdia por 49% a 44%, para se recuperar neste mês, conseguindo 49% respostas positivas, contra 47% negativas. Note que se trata de um empate técnico, devido a pequena diferença entre as duas conclusões.
A maioria dos respondentes condena a política externa do governo. Nos dois meses aqui considerados, o placar é o mesmo: 58%, a favor, 48%, contra.
Difícil determinar o que pesou mais neste resultado, se a comprovada raiva americana das ligações suspeitas entre Trump e Putin ou o medo por estar a paz ameaçada no Oriente Médio, graças à postura belicosa do morador da Casa Branca.
Também muito poucos acham que a atuação de Donald Trump fortaleceu a liderança dos EUA no chamado mundo livre. Apenas 38%, sendo que 51% tem posição contrária.
Outro resultado chocante: nada menos do que 53% dizem que The Donald governa em função dos seus interesses particulares. E uma minoria, 42%, acreditam que ele age movido pelo interesse nacional.
Como o presidente estaria tratando os países da NATO? As respostas: de forma muito amigável, 3%; nada amigável, 48% e de modo justo, 41%.
E as relações Trump-Putin, como seriam atualmente? Demasiadamente amigáveis para 55%, nada amigáveis, 1%; corretas, 37%.
A Rússia de Putin é considerada uma adversária para 55% dos respondentes. Em fevereiro eram 46%. Seria uma aliada para 9% e 5%, respectivamente. Nem uma coisa nem outra: 41%, em fevereiro, 37%, agora.
As principais conclusões da pesquisa da Quinnipiac são reveladoras. Com base nelas, é possível se afirmar como pouco prováveis as chances de Trump emplacar mais um mandato.
Diante disso, talvez conviesse às principais vítimas da agressividade do morador da Casa Branca – o Irã e os palestinos- terem uma certa paciência. Evitar por lenha na fogueira, sem, é claro, enrolar suas bandeiras.
Daqui a um ano e três meses, com a provável eleição de Bernie Sanders ou de uma das duas senadoras democratas progressistas, renasce a esperança em um EUA justos.
Ou menos injustos.
Qualquer destas duas hipóteses marcaria uma guinada radical nos rumos da política externa de Washington.