Sanções contra o Irã tem resultado duvidoso para os EUA.

Por enquanto, os EUA não pretendem fazer guerra a seu inimigo, o Irã.

A curto prazo, o objetivo de Trump é “apenas”destruir a economia iraniana, deixando esse país combalido, incapaz de continuar disputando a hegemonia no Oriente Médio com a Arábia Saudita. E de enfrentar Israel numa guerra, caso isso seja do interesse político do primeiro-ministro Netanyahu.

A estratégia americana é aplicar as sanções mais terríveis às empresas que investirem ou comerciarem com Teerã.

Quem ousar contrariar o chefão da Casa Branca poderá dizer adeus ao mercado americano.

Tudo indicava que iria dar certo.

Trocar os negócios com os EUA pelos negócios com o Irã seria uma decisão nada lucrativa.

No primeiro momento, a União Europeia pareceu ter se conscientizado de sua força e acenou com a adoção de uma série de políticas que permitiriam às suas empresas aproveitarem as oportunidades iranianas sem irem para o vinagre.

Só que, até agora, só tivemos declarações corajosas de alguns líderes europeus, insurgindo-se contra o desrespeito à sua soberania, cometido pelo presidente dos EUA, ao impor urbi et orbi, sanções contra quem desobedecesse seu diktat.

Ações concretas, por enquanto, nada.

Pior, Macron, dos mais vocais críticos da postura imperial de Washington, aparentemente, inicou uma marcha-á-ré.

Veja só o que ele declarou: “As companhias internacionais com interesses em muitas nações fazem suas escolhas de acordo com seus interesses.Elas devem continuar a ter esta liberdade.”

Não pense que ele concluiu afirmando ser necessário garantir sua liberdade.

Esse privilégio deveria ser conferido a outros tipos de empresas, conforme se deduz da conclusão do presidente da França: “Mas, o que é importante, é que esss companhais, especialmente as de porte médio, companhias que talvez estejam menos expostas (a sanções) em outros mercados, americano ou de outros países, possam fazer livremente suas escolhas.”

Que as grandes empreas, envolvidas nos projetos de maior importância, como a Total e a Siemens, não contem com medidas europeias para as proteger das sanções americanas. Por isso mesmo, estas duas empresas, entre outras, tendem a desistir dos seus vultosos investimentos no setor iraniano de energia.

Somente as médias e pequenas, com interesses pouco ou nenhum interesse no mercado americano, poderão escolher livremente enre os EUA e o Irã, eventualmente com a ajuda da Europa.

Por outro lado, diversos países fora do Ocidente começam a encarar os raios do moderno Zeus entronizado em Washington.

A Índia foi o primeiro.

Em conferência de imprensa, Sshma Swaraji, ministro de Relações Exteriores, reagiu a Trump: “A Índia só aceita sanções das Nações Unidas, não sanções unilaterais de qualquer país.”

Um país com um bilhão e duzentos milhões de habitantes tem obrigação de ser independente. E o ministro indiano afirmou que seu país jamais faria política extena “sob pressão.”.

Há jlá muito tempo, a Índia e o Irã mantém laços políticos e econômicos estreitos.

No período 2016/2017,os indianos importaram produtos do Irã, especialmente petroleo, no valor de 10,5 bilhões de dólares. E exportaram 2,4 bilhões de dólares em commodities. Além disso, o governo de Nova Delhi tem outros interesses do Irã, como um compromisso para a construção do porto de Chabahar, no Golfo de Omã.

Os negócios indianos com os iranianos tendem a crescer bastante neste e nos próximos anos.

Logo a seguir, foi a vez do Qatar ignorar as ordens de The Donald para deixar o Irã isolado.

O ministro da Economia e do Comércio proibiu a venda no país de produtos da Arábia Saudita, União dos Emirados Árabes e Egito. No ano passado, esses quatro países impuseram um severo bloqueio sobre o governo de Doha, para forçá-lo a aceitar uma série de medidas que violavam sua soberania. O Qatar não afinou, mas continuou comprando produtos desses países, através do Kuwait e do Omã.

Agora, o emir local, sentindo-se em posição forte diante dos EUA, por permitir a existência no país da maior base americana no Oriente Médio, animou-se a proibir as compras de produtos do Egito e da Arábia Saudita, grandes aliados dos EUA.  Em troca, deu mais espaço às importações da Turquia e do Irã. E sinalizou que pretende estimular a expansão de negócios com os dois países, que, aliás, apoiam os qtarianos desde o bloqueio efetuado pela Arábia Saudita e parceiros.

A esse respeito, disse Jack Rasmus, professor de Política Econômica no Saint Mary’s College, da California (RT, 29 de maio): “Seria um problema para Trump se o Qatar desenvolver relações com o Irã e os mercados iranianos, algo que ele (o Qatar) quer fazer. Seria um sinal de declinio ou perda de influência dos EUA a da frente formada com seus aliados (Arábia Saudita, Egito, Bahrein e Emirados Árabes Unidos) contra o Irã.

As empresas que primeiro hastearam a bandeira branca diante dos EUA, talvez agora estejam se arrependendo.

Quando a Total, única das gigantes internacionais de energia que está investindo no Irã, afirmou que se retiraria do país para evitar as sanções de Trump, a China logo correu para substituí-la.

A Total tem 50,1% no projeto de exploração do South Pars, o maior campo de gás do mundo, onde já apiicou 90 milhões de dólares.

A China Nation Petro Corp, que tem 30% do empreendimento, ficará automaticamente com todos os 50,1% da Total, caso essa empresa se retiere mesmo (Bloomberg, 8 de maio).

Anuncia-se ainda que outras empresas chinesas, e também da Rússia, preparam-se para ocupar o lugar eventualmente deixado pelas empreas europeias que venham a seguir o caminho apontado por Washington.

Apesar destas ações, Trump tem ótimas cartas nas mãos. O poder econômico e militar dos EUA é assustador.

No entanto, mesmo que haja uma revoada das empresas europeias para fora do país, o Irã pode resistir, graças à expansão dos seus negócios com a Rússia, a China, , a Índia, mais outros países que ficarem a seu lado.

Povavelmente Teerã não contará com as enormes vantagens previstas com a abertura propiciada pelo acordo nuclear e o cancelamento das sanções. Mas, pelo menos, com uma razoável melhoria na economia nacional, suficiente para o regime manter sua estabilidade.

Vencer esta parada é da maior importância para a política externa do presidente Trump. Ele precisa deixar o Irã a pão e água. Com sua economia devastada, Teerã não teria recursos para continuar atuando militarmente na Síria. Nem de disputar com os EUA a influência sobre o Iraque e o Líbano (através do aliado, Hisbolá).

O que também faria a felicidade dos amigos, Israel e Arábia Saudita, que teriam meios para colocar na linha um enfraquecido Irã, se necessário através de ameaças de ataques militares.

Caso, no entanto, o Irã sobreviva ao caos econômico com que The Donald sonha, Israel e a Arábia Saudita vão certamente insistir pela guerra.

Para o presidente americano, agora, isto não está sobre a mesa.

Guerras custam muito caro e a situação financeira dos EUA não é exatamente um céu de brigadeiro.

Guerras são inaceitáveis para o povo americano. Trump sabe que haverá eleições legislativas daqui a cinco meses. E os democratas pintam como favoritos.

Problemas financeiros graves e um povo insatisfeito (ou até irritado) não vão ajudar o presidente e seu partido a se saírem bem nas urnas.

Com um Congresso hostil, Trump não teria muitas chances de se reeleger.

 

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