Donald Trump está sendo coerente com suas ideias de campanha.
Mas não precisava ser tão coerente assim…
Como informa o The Intercept de 8 de dezembro, The Donald vai nomear para dirigir a Agência de Proteção Ambienta (EPA) Scott Pruitt, procurador geral de Oklahoma, tradicional parceiro das indústrias de gás e de petróleo nas lutas para anular as normas dessa agência para enfrentar as mudanças climáticas.
Ao mesmo tempo, anuncia-se que uma equipe formada por notórios anti- ambientalistas trabalha num projeto que vai tornar a EPA praticamente inócua.
No exercício de suas funções oficiais em Oklahoma, Pruitt enviou uma carta aos legisladores assinada por ele, mas escrita por lobistas da Devon Energy, uma das maiores perfuradoras de petróleo. Portanto, uma vilã no drama da poluição do meio ambiente.
Assumindo a carta como sua, Pruitt automaticamente definiu-se como lobista dessas vilãs.
Mas sua folha corrida na defesa dos poluidores é mais extensa.
Ele apoiou o processo contra as leis ambientais promovido pelas indústrias de fracking (extração de zinco para produção de petróleo), talvez a maior fonte de contaminação de rios e terras dos EUA.
O infatigável Pruitt, em artigo publicado na National Review, duvidou do papel da poluição humana como causadora das mudanças climáticas. Afirmou que o debate estava “ longe de ser concluído”, apesar da ciência já ter estabelecido a responsabilidade dos homens nessa questão.
Mas Trump não vai deixar Pruitt sozinho na sua cruzada pela destruição das regras ambientais.
Seus assessores revelaram que George Sugyama participa da reformulação da EPA, com o fim de reduzir sua ação na proteção ambiental. Trata-se de antigo lobista da indústria mineira, sempre pronto a negar que o homem influi nas mudanças climáticas. Ele foi conselheiro-chefe do senador Jim Inhofe, conhecido por suas afirmações de que a mudança de clima é uma mistificação e de que as pesquisas cientificas que ligam as emissões de gás ao aquecimento do planeta foram refutadas pela Bíblia.
Outro membro do time de Trump na tarefa de reformulação da EPA é David Kreutzer, um economista que naõ tem poupado críticas às regras ambientais e a ciência das mudanças climáticas. No ano passado, ele veio com este raciocínio: “Aquecimento global é real e temos tido aquecimento global desde o fim da última Idade do Gelo. ” E, se durante dezenas de milhares de anos não aconteceu nada de mal à Terra, está provado que não faz mal a ninguém, é a conclusão lógica dessa inovadora, conquanto absurda tese.
Como pesquisador sênior na Heritage Foundation, grupo criado por fundações dos notórios Irmãos Koch (os maiores financiadores de políticos de direita dos EUA) e firmas que exploram o combustível extraídos dos fósseis, Kreutzer foi co -autor de pseudo- análises que lançavam dúvidas nas políticas federais de controle das alterações climáticas. Num artigo em abril último, ele e seus suspeitos parceiros acusaram as políticas do EPA de Obama de “favorecem as elites e solaparem a equidade do nosso sistema econômico. ”
Em 2008, o esforçado Kreutzer, ao testemunhar no Congresso, recomendou que o Refúgio de Vida Selvagem no Ártico Nacional fosse aberto à extração de petróleo.
Por fim, ainda na sua campanha eleitoral, Trump indicara Myron Ebell, membro do Competitive Enterprise Institute, para liderar a redução dos poderes da EPA, tornando seu papel meramente decorativo. Há muito tempo esse cidadão vem atacando todo tipo de ações que visam eliminar a poluição dos gases com efeito estufa. Apesar de não ser cientista, Ebell fez carreira questionando a ciência sobre aquecimento global, militando num grupo industrial produtor de combustíveis de fósseis, fundado em 1997.
A certas alturas ele “tranquilizou o mundo” afirmando categoricamente que o aquecimento global “não é nada para se preocupar. ”
Apesar disso, muita gente ficou bastante preocupada com o novo time “ambientalista” de Trump, particularmente com a ideia de Pruitt dirigindo a EPA.
O senador Bernie Sanders atacou a nomeação de “alguém que nega a mudança climática, ” que “tem trabalhado em conexão com a indústria de combustíveis de fósseis para tornar o país mais dependente, não menos, dos combustíveis de fósseis. ”
Robert Verchick, presidente do Center for Progressive Reform, considerou as nomeações “uma clara evidência de que o governo planeja uma completa destruição das proteções ambientais. ”
Parece que Al Gore perdeu tempo, tentando convencer o novo presidente da importância de proteger o meio ambiente.
Parece que nada o demoverá de que coisas como “ecologia”, “aquecimento global” e “os perigos das mudanças climáticas” são mistificações, inventadas por cientistas desavisados para se promoverem.