Aconteceu em Houston, a quarta maior cidade dos EUA e a maior do Texas, com mais de dois milhões de habitantes.
No ano passado, o Conselho da Cidade de Houston havia aprovado uma portaria, proibindo a discriminação por raça, sexo, idade, incapacidade física e outras categorias num total de 11 categorias.
Não sei bem porque foi neessária pois tal princípio já era lei federal nos EUA há muitos anos.
O fato é que a comunidade de homossexuais, lésbicas, transexuais e bissexuais, a chamada LBGT, ficou feliz por essa reafirmação de sua igualdade de direitos.
Mas os grupos anti-gay não gostaram nada.
Eles enviaram uma petição à Suprema Corte do Texas, pedindo um referendo popular para decidir se o pessoal da LGBT deveria ou não ser incluído entre os beneficiados pela portaria.
Isso aconteceu em julho e a Suprema Corte aprovou, dando três meses para as partes defenderem seus pontos de vista.
A campanha dos partidários da liberação foi basicamente racional.
Hillary Clinton, Barack Obama e diversos líderes liberais de projeção nacional vieram a Houston falar a favor.
Argumentos não faltavam e só adeptos de idéias retrógradas, saudosos da Ku-Klux-Klan e partidários de coisas como a supremacia branca poderiam votar pela discriminação.
Mas a causa anti-gay tinha hábeis publicitários e marqueteiros a seu lado.
Enquanto os adversários, apelavam para a justiça, eles apelaram para as emoções, usando uma tática profundamente desonesta, mas que provou seu eficiente.
Eles não visaram o alvo da portaria que era proibir discriminações contra qualquer categoria de pessoas em qualquer situação.
Toda a sua propaganda centralizou-se na ameaça que pesaria nos banheiros femininos.
Afirmaram que, com a nova portaria, maníacos disfarçados de travestis teriam entrada livre nesses banheiros para estuprar à vontade as jovens texanas.
O slogan da campanha bradava ; “Nada de homens nos banheiros femininos”.
Contra esse bizarro argumento,alegou-se que “a entrada de homens em banheiros de mulheres era e sempre seria proibida,” com ou sem a lei anti-discriminação.
Que em outras cidades do Texas onde foi aprovada o fim da discriminação da LGBT não houve qualquer aumento de ataques a mulheres em banheiros de restaurantes.
De nada adiantou.
No referendo de 3 de novembro, o preconceito ganhou longe: por 62% contra 37,5%.
Não foi surpresa.
Afinal, o povo do Texas elegeu George W.Bush três vezes.