Palestinos: reconciliação será agora?

Desde, 2007, quando o Hamas expulsou o Fatah de Gaza que os dois movimentos palestinos estão brigados.

O Hamas continua governando Gaza e o Fatah, a Cisjordânia.

O Hamas acusa o Fatah de colaboracionista e é acusado pelo rival de ser radical demais.

Claro que essa divisão prejudica a causa da independência palestina, por isso mesmo eles já tentaram fazer as pazes várias vezes.

Nunca deu certo.

Agora, há mais chances de sucesso.

Realizaram-se no Cairo conversações muito positivas entre os líderes dos dois grupos, patrocinadas pelo presidente Morsi, do Egito.

No momento, ambos estão de moral alta.

Abbas, líder do Fatah, teve seu prestígio incrementado pelo reconhecimento da Palestina como estado independente, pela ONU.

O Hamas está por cima, ganhou mais apoio do povo de Gaza, depois de enfrentar Israel na recente guerra, quando, pela primeira vez, seus foguetes atingiram Jerusalém e Telaviv.

Nessa guerra, os brios patrióticos dos palestinos foram exacerbados e criou-se um clima fortemente favorável à reconciliação dos movimentos pró-libertação.

Influenciado por esse clima, o Fatah permitiu que o Hamas, pela primeira vez, realizasse uma manifestação na Cisjordânia.

Houve retribuição.

E o Fatah pôde promover uma passeata em Gaza, autorizado pelo Hamas.

Quem não está nada contente com as perspectivas de reconciliação dos movimentos palestinos é o premier de Israel, Bibi Netanyahu.

E a razão é óbvia: unido, o movimento pela independência da Palestina fica muito mais forte.

Bibi aproveitou para repetir que não está a fim de entregar assentamentos israelenses a um futuro estado palestino.

Agora ele tem uma nova desculpa: “Sabemos que qualquer território que evacuarmos será ocupado pelo Hamas e pelo Irã e nós não deixaremos que isso aconteça.”

Lembro que o Hamas provou sua independência em relação ao Irã, ao apoiar os rebeldes sírios contra Assad, grande aliado do país dos aiatolás.

Na ocasião, Ahmed Yussef, conselheiro do Ministério das Relações Exteriores do movimento, declarou oficialmente que, no caso de uma guerra entre Irã e Israel, o Hamas ficaria de fora. ”O Hamas não integra nenhuma aliança política ou militar”, explicou.

Já o próprio presidente de Israel, Shimon Peres, discorda da posição de Bibi contra a independência da Palestina.

Vale à pena ler suas declarações em recente entrevista ao New York Times.

“Se não houver um acordo diplomático (com os palestinos), eles voltarão ao terror. O silêncio de que Israel tem desfrutado nos últimos anos acabará, porque, mesmo que os habitantes locais não queiram retomar a violência, eles estarão sob pressão do mundo árabe.”

 

E Peres foi mais longe: “ A maior parte do mundo apoiará os palestinos, justificará suas ações…Nossa economia sofrerá gravemente se um boicote for decretado contra nós. Os judeus do mundo querem um Israel de quem eles possam sentir orgulho.Não um Israel sem fronteiras, que é considerado um estado ocupante.”

 

O sistema político israelense é o parlamentarismo. Isso quer dizer que o presidente manda pouco.

Quem fala pelo país é o primeiro-ministro, Bibi Netanyahu.

Suas palavras e atos demonstram que não deseja uma Palestina independente e viável.

Por isso mesmo, rejeita a união entre Hamas e Fatah.

Mas sua alegação de que ameaçaria a segurança de Israel parece não corresponder à realidade.

Depois da reunião com o Fatah, no Cairo, os dirigentes do Hamas encontraram-se com chefes da inteligência egípcia para discutir meios de solidificar o acordo de cessar-fogo vigente na Faixa de Gaza.

Isso significa busca da paz, não da guerra.

 

 

 

 

 

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