Morsi ganhou, mas talvez não leve.

Ninguém duvida que o candidato da Irmandade Muçulmana ganhou  as eleições presidenciais do Egito.

Diversas organizações concluíram nesse sentido, somando os votos de cada zona.

Na quarta-feira, uma coalizão de juízes independentes egípcios, os “Juízes pelo Egito”, confirmou esse resultado.

O grupo tinha monitorado cuidadosamente todo o processo eleitoral e confirmou a vitória de Morsi por 13,2 milhões de votos, contra 12,3 milhões obtidos pelo general Shafiq.

O resultado oficial estava previsto para ser apresentado na quinta-feira.

No entanto, a comissão eleitoral adiou o prazo sine die, alegando precisar de mais tempo para analisar as denúncias de ilegalidades na votação de diversas cidades.

Isso indica que provavelmente um novo golpe está em gestação.

Depois de fecharem o Congresso e restringirem ao máximo as atribuições do presidente, a junta militar teria decidido manipular os resultados eleitorais, tornando vencedor o general Shafiq.

Lembro que a comissão eleitoral é formada por elementos de confiança da junta militar,a qual já deu muitas provas de que deseja manter-se no poder a todo preço.

Os jornais do governo já estão preparando o ambiente para a indicação de Shafiq como vencedor.

Eles chamam a Irmandade Muçulmana de “a gang de Morsi”e preveniram que acontecerá o “massacre do século” quando os resultados oficiais forem divulgados.

Talvez seja uma ameaça para que as pessoas não se atrevam a comparecer à praça Tahir para os inevitáveis protestos.

Fontes do governo informaram oficiosamente que os resultados serão conhecidos domingo à noite. E que Shafiq será o eleito.

Isso foi revelado também a diplomatas de países do Ocidente. E por membros do gabinete ministerial.

Não sei se esse pessoal não nota que seu prévio conhecimento desse fato demonstra a estreita proximidade entre o governo militar e a comissão eleitoral.

Ou não se importam com isso, afinal não é mistério pra ninguém que essas duas entidades são a mesma coisa.

Se a farsa se completar, é certo que haverá uma grande reação popular. A praça Tahir voltará ser ocupada, dia e noite.

Os militares não ficarão assistindo às manifestações de braços cruzados.

“O massacre do século”, antevisto pelos jornais chapa branca, pode muito bem acontecer.

Temo que a Primavera Árabe egípcia esteja por um fio.

 

 

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