Liberdade de imprensa à moda egípcia.

A nova constituição egípcia consagra a liberdade de imprensa.

Desde que não veicule fatos ou declarações desagradáveis ao governo militar.

São princípios do “retorno à democracia”, como John Kerry, Secretário de Estado dos EUA, categorizou as recentes eleições egípcias.

Fiel a eles, o Procurador-Geral pediu a pena máxima: 15 a 25 anos de prisão, para jornalistas ingleses e árabes da Al Jazeera, a mais importante rede de imprensa do Oriente Médio.

Ele acusou os jornalistas de terem editado material da proscrita Irmandade Muçulmana, incriminando o Egito numa guerra civil. As notícias publicados na al Jazeera sobre assaltos sexuais e protestos visariam sujar a imagem do Egito no exterior.

Como provas, exibiu uma seleção de filmes, constante de trechos de um programa da Sky News sobre cavalos árabes, documentários da BBC sobre a Somália e o Kenia e também entrevistas da Al jazeera com líderes de diversas organizações, inclusive da Irmandade Muçulmana.

Foi sem duvida uma contribuição à cultura geral dos presentes ao julgamento. No entanto, o procurador não explicou quais evidências deste seu pout-pourri provavam suas acusações.

Os advogados de defesa alegaram que é dever dos jornalistas entrevistarem todas as facções, mesmo  da oposição. E que nada noticiado por eles era mentira- sendo que as violências policiais contra os manifestantes foram difundidas por toda a imprensa internacional, não apenas pela Al Jazeera.

O procurador foi inflexível, como os juízes (a maioria deles entusiastas do governo militar) podem muito bem ser.

Afinal, a Al Jazeera é do Qatar, um pais que mantém boas relações com a Irmandade Muçulmana.

Os militares egípcios já mataram cerca de 1.000 membros desta e de outros movimentos islâmicos, além de prenderem 20 mil.

Não estão a fim de dar mole com gente ligada à Irmandade.

Mesmo tendo de liquidar a liberdade de imprensa no país.

 

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