Iraque: o Pentágono foi longe demais.

Apesar das suas gloriosas tradições, o Pentágono exerceu um papel bastante duvidoso nos 10 anos de ocupação do Iraque.

As dúvidas viraram certezas.

Investigação da BBC e do jornal The Guardian revela terem sido os chefões militares yankees co- responsável por algumas das piores barbaridades impostas ilegalmente aos defensores da libertação do país.

Com o crescimento da insurgência iraniana, as autoridades do Pentágono julgaram necessário criar uma força policial iraquiana, que agisse como verdadeiros “comandos”, sem respeito aos “impedimentos” legais.

Ela deveria ter licença para prender arbitrariamente quem julgasse necessário e os submeter a interrogatórios em prisões secretas, onde poderiam torturar à vontade, sem ninguém saber.

Convocou para essa missão o coronel aposentado das Forças Especiais, James Steele, veterano das “guerras sujas” da América Central.

Sua funções foram ampliadas posteriormente pelo então Secretário e Defesa, Donald Rumsfeld, passando a colaborar na organização de paramilitares sunitas.

Quando o Pentágono suspendeu a proibição das milícias xiitas, Steele também assessorou sua incorporação ao aparelho de segurança estatal.

Tanto essas milícias sunitas, quanto as xiitas, distinguiram-se por sua violência, particularmente as Brigadas Badr.

Um segundo coronel aposentado, James Coffman, trabalhava com Steele nas prisões secretas, respondendo diretamente ao general David Petraeus.

Petraeus que, no ano passado, foi demitido da direção da CIA, suspeito de revelar segredos militares à sua amante, fora comandante das forças americanas no Iraque.

O coronel Steele atuou no Iraque de 2003 a 2005.

Continuou voltando ao país muitas vezes durante 2006, para assessorar as ações dos “comandos” policiais que ajudara a organizar.

Com base na sua investigação, a BBC e oThe Guardian produziram um documentário, contendo entrevistas tanto dos dois coronéis americanos quanto de testemunhas  iraquianas.

O general Muntander Al-Samari, que trabalhou um ano inteiro ao lado de Steele e Corffman explicou como as prisões secretas funcionavam:”Cada uma tinha um oficial de inteligência e oito interrogadores. Esse grupo usava todos os métodos de tortura para forçar o preso a confessar, como choques elétricos, pendurar de cabeça para baixo, arrancar unhas e bater nas partes sensíveis”.

A respeito da responsabilidade dos coronéis americanos, Samari informou: “Eles sabiam de tudo que acontecia lá …as torturas, as mais horríveis formas de tortura.”

Samari afirmou ainda que torturar constituía rotina nas prisões secretas.

Não há evidências de que esses atos eram praticados pessoalmente pelos  coronéis americanos.

Mas  eles, frequentemente, estavam presentes durante as torturas e se envolveram no caso particular de cada um dos milhares de presos.

O Pentágono estava a par de tudo e aprovava, conforme declarações do coronel Corfman.

Ele prestava informações detalhadas ao general Petraeus : “Eu era os olhos e ouvidos dele no local,” revelou em entrevista ao jornal Stars and Stripes.

A ideia da investigação veio da publicação pelo Wikki Leaks de documentos classificados do exército americano.

Informavam dezenas de incidentes em que soldados americanos depararam com detentos presos numa rede de prisões secreta em todo o Iraque, controladas pelos “comandos” policiais. Sem tomar qualquer atitude.

Os investigadores do BBC-The Guardian pesquisaram as reelações do Wikki Leaks e acabaram descobrindo a participação-chave dos coronéis e do Pentágono na formação e operação desses “comandos” fora da lei.

O trabalho da BBC-The Guardian ilumina um episódio obscuro da história do Iraque sob ocupação americana.

Sabia-se que havia violências e violações dos direitos humanos não só contra grupos da Al Qaeda e afins, mas também de insurgentes não- terroristas, por parte dos governos colaboracionistas e das forças americanas.

Mas, fora Al Ghraib, não havia fatos concretos, mostrando um envolvimento do Pentágono maior do que complacência diante de torturas praticadas por forças iraquianas.

Agora há.

Supervisionar a organização de uma força de “comandos”, com licença para prender e torturar em prisões secretas, é algo muito grave.

Certo, foi nos tempos de Bush.

Mas há suspeitas de que algo semelhante esteja acontecendo agora.

Autorizada pelo governo Obama, a CIA (sempre ela) e as Forças Especiais estão trabalhando com o CTS (Serviço de Contra- Terrorismo), milícia criada e treinada pelos EUA antes da retirada.

De acordo com o Wall Street Journal, entre 2010 e 2012, a Casa Branca mandou que a CIA apoiasse o CTS para bloquear a entrada de membros da Al Qaeda iraquiana na Síria, com o fim de juntar-se aos rebeldes.

Se ficar nisso, até que dá para aceitar.

Mas será?

Lembro que o CTS não se distingue pela correção na forma de agir.

Trata-se de forças de elite que respondem diretamente ao premier Maliki, o qual as tem usado para atacar, prender e torturar seus adversários políticos.

Nada muito adequado a um país democrático que o Iraque diz ser.

Um eventual apoio ao CTS alem da conta é um jogo perigoso que pode sujar mais a já desgastada imagem americana no Oriente Médio.

 

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