Enquanto The Donald culpava emigrados islãmicos pelo massacre de Orlando, Hillary Clinton também os tratava mal ao discursar na ocasião.
Veja só o que ela disse, com a voz embargada pela emoção.
“Eu me lembro o sentimento geral depois do 11 de setembro (ataque às Torres Gêmeas). Americanos de todos os tipos mobilizavam-se unidos por um propósito comum no 12º dia de setembro e nos dias, semanas e meses que se seguiram. Nós nos apoiávamos uns aos outros. Eu era uma senadora por Nova Iorque. Havia um presidente republicano, um governador republicano e um prefeito republicano. Nós não atacávamos uns aos outros. Nós trabalhávamos com cada um dos outros para proteger nosso país. ”
Acho que não eram tempos para serem lembrados com saudade.
Especialmente por uma líder democrata.
Foi quando a islamofobia manifestou-se com mais força nos EUA.
Pessoas eram desacatadas na rua, presas sem motivo e despedidas, somente por serem islâmicas.
Enquanto isso, o presidente Bush, com quem Hillary disse trabalhar em estreita harmonia, foi autor de leis que suprimiam direitos individuais, garantidos pela Constituição, ditas necessárias à segurança nacional. Como a Lei Patriota que permitia ao presidente mandar prender quem achasse suspeito de terrorismo e, sem julgamento num tribunal, conservá-lo preso indefinidamente.
Foi “naqueles tempos de união de todos” que Bush autorizou o uso de waterboarding para interrogar presos. Trata-se de um tipo de torturas que reproduz a sensação de afogamento.
Além de outras medidas igualmente violadoras da Constituição, como a espionagem pela NSA dos computadores de milhões de americanos e a desastrosa guerra do Iraque- um ano depois do atentado contra as Torres Gêmeas. Lembro que a justificativa oficial foi comprovadamente mentirosa.
E de acordo com seu discurso, Hillary diz que não atacou nenhuma dessas ações do presidente Bush, pois “Nós (ela e os chefes dos governos republicanos) trabalhávamos para proteger o país. ”
Sinceramente, creio que sra. Clinton não pensou muito ao fazer seu discurso que defendia a união nacional contra o terrorismo de agora.
Além de inadvertidamente ter se comprometido com as maldades do governo Bush, ela retratou uma realidade que não existiu.
Na verdade, o clima dos tempos pós-11 de setembro, segundo Justin Raymondo, em AntiWar de 14 de junho, era bem outro.
Depois de falar da islamofobia que grassava, ele acrescentou: “Eu me lembro bem daqueles dias quanto a histeria pela guerra era tão intensa que poucos ousavam falar alto contra os planos de guerra do governo e seus cheerlanders neoconservadores. Era em resumo uma época negra- e H.Clinton a quer de volta. ”
Xô Satanás!