Quase dois anos depois do desastre nuclear de Fukusima, seus efeitos ainda persistem.
Peixes nas costas do Japão continuam contaminados.
Isso faz supor que o vazamento dos reatores talvez não tenha sido totalmente interrompido.
Se for verdade, ameaçará a vida marítima na área durante as próximas décadas.
A preocupante situação dos peixes do Japão foi descoberta por Ken Brusseler, um químico do Instituto Oceanográfico de Massachussetts, com base em dados do Ministério da Agricultura, Piscicultura e Florestas do Japão.
Segundo seus estudos, os níveis de contaminação da maioria dos peixes são os mesmos da época do desastre nuclear de Fukushima.
Amostras dos comedouros das espécies marítimas do fundo apresentavam níveis de césio 250 vezes maiores do que os que o governo japonês considera seguros.
Trata-se de um problema gravíssimo pois o Japão é o maior consumidor do mundo de peixes per capita.
A maioria das espécies da linha costeira de Fukushima já está proibida para o consumo e para a exportação.
Mas possivelmente haverá um bom número de pescadores amadores que não identificarão os peixes proibidos e acabarão os consumindo.
Sem contar que ninguém pode garantir que outras espécies não sejam também contaminadas já que os comedouros dos peixes da região continuam envenenados pela radioatividade.
Esse problema já está atingindo os países vizinhos.
Em julho de 2012, as autoridades russas afirmaram que apareceram peixes com vestígios de césio nas áreas da Sibéria próximas ao Japão.
Falando sobre o alcance do desastre de Fukushima, Guenady Onischenko, chefe da agência de proteção aos consumidores, declarou ; “Pela primeira vez, encontramos uma ameaça de contaminação vinda de outro país.”
Nos EUA, a Casa Branca, inicialmente, garantiu ao público que os efeitos de Fukushima não chegariam ao país.
Marcou.
Os monitores RadNet da Agência de Proteção Ambiental já detectaram césio e iodino radioativo na água de chuva da Costa Oeste.
Uma equipe de cientistas, dirigida por Jake F.Lubbecke do Laboratório de Ambiente Marinho do Pacífico da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (NOAA), realizou um estudo sobre os riscos dos EUA sofrerem as consequências de Fukushima.
Concluiu que, os EUA não estão fora de perigo.
‘’Dentro de um ano essas águas (contaminadas) se espalharão por toda a metade ocidental do Oceano Pacífico e, em cinco anos, prevemos que chegarão a toda Costa Oeste dos EUA,” informou Clauss Boning, ao site Russia Today.
Outro dos efeitos do desastre de Fukushima foi um sentimento de repulsa da população em relação às usinas nucleares.
Houve manifestações pedindo a substituição da energia nuclear por outras formas de produção de energia.
O governo da época, sem demora, desativou todos os reatores do Japão, com exceção de dois, para serem revisados.
Em seguida, anunciou um programa que até 2030 eliminaria todos os reatores nucleares do país.
De repente, parou de falar nisso.
Passou a apresentar dúvidas, citando custos de importação e as imensas dificuldades na construção da necessária infraestrutura para produção de energia renovável.
Segundo o Nikkei News Service, o dedo de Hillary Clinton estaria nessa nova postura. Ela teria informado ao governo japonês que seus planos anti- nucleares representariam um problema para a estratégia de energia dos EUA (citado por Gar Smith, em Truthout, 29-12-12)
Com a eleição de um novo governo, teme-se que a mudança vá para o espaço pois o vencedor, o Partido Liberal Democrata, é, reconhecidamente, pró-nuclear.
E, de fato, Shinzo Abe, o primeiro-ministro recém-eleito, apressou-se a anunciar a revisão dos planos de desativação progressiva dos reatores nucleares do seu antecessor.
Para alguns, ele estaria preparando o povo japonês, ainda traumatizado por Fukushima, para aceitar o cancelamento definitivo dessa ideia.
Mais de 15 mil pessoas já morreram, comprovadamente, vítimas do desastre nuclear que chocou o mundo.
Não se sabe quantas serão mortas ou terão sua integridade física gravemente prejudicada, não só no Japão, mas também em outros países, via contaminação do Oceano Pacífico, dos peixes e das águas de chuva.
O certo é que, se os governos continuarem ignorando os riscos terríveis da energia nuclear, novos desastres nucleares fatalmente acontecerão.
Three Miles Islands… Chernobyl… Fukushima…
Qual será o próximo?