Ross Limbaugh, uma estrela da direita americana, com um talk show de rádio ouvido por milhões, acaba de fazer um curioso ataque ao presidente Obama. Acusou-o de enviar tropas à África para matar cristãos. No caso, os membros do Exército Revolucionário do Senhor (Lord´s Revolutionary Army– LRA), que atua em Uganda.
Na verdade, Limbaugh se destaca por suas idéias, digamos, criativas. É dele esta pérola ”Se os EUA não levarem o petróleo do Iraque, nossos 4.700 soldados terão morrido em vão.”
No caso da intervenção em Uganda, Limbaugh, mais uma vez pisou na bola. A missão dos 100 militares americanos das Forças Especiais, enviados para ajudar o exército local contra o LRA, é meritória. E não vai matar cristãos, não.
O LRA é um misto de guerrilha com exército de criminosos, cujo chefe, um certo Joseph Kony, diz-se uma reencarnação do Espírito Santo em conjunto com vários espíritos tribais africanos. Seu objetivo, segundo Kony, é implantar um regime com base nos 10 Mandamentos. Pode ser, mas, por enquanto, a LRA dedica-se a saquear e incendiar vilas, trucidando seus habitantes, violentando suas mulheres e raptando crianças, que obrigam a se tornarem meninos-soldados. Nos seus 20 anos de atuação, calcula-se que tenham já contabilizado um total de 30.000 civis mortos. O cristianismo aí passou longe.
Calcula-se que hoje os efetivos do LRA estejam entre 250 e 1.000 homens, que vivem nas selvas da África Central, especialmente no norte de Uganda, em contínuo movimento.
Os governos de Uganda e outros países da África Central bem que tentaram, várias vezes, dar um jeito nesse bando, mas até agora, não conseguiram. Nem mesmo uma força de guatemaltecos, treinados pelo exército americano em combate nas selvas, se deram bem. Internaram-se na selva e nunca mais se soube deles.
A participação dos 100 militares das Forças Especiais, que são um grupamento de elite do Exército dos EUA, será decisiva para que o exército ugandês acabe com o os criminosos do LRA. E, assim, possa haver paz e segurança em todo o território do país.
Ou seja: será possível, mas não há garantias.
É fato que o Ocidente vê no Presidente Yoweri Museveni um exemplo da nova geração de lideres africanos. Mas, não se trata de um exemplo dos melhores. Longe disso. Tendo assumido o poder, através de um golpe de estado, em 1986, não o largou mais nesses 25 anos. Pensando em sua imagem externa, realizou 4 eleições vitoriosas, todas marcadas por acusações de fraudes. Que valeram a Kizza Bsegyie, líder da oposição, 4 prisões, vários processos, um severo espancamento e exílio na África do Sul.
As prisões e torturas dos membros da oposição foram sempre prática comum dos órgãos de segurança. Fatos que foram criticados pela imprensa internacional e levaram o governo britânico a reduzir a ajuda a Uganda.
Um relatório da respeitada ONG Oxfam revelou que o governo Museveni expulsou de suas casas e terras 22.000 pessoas, em vasta região cedida a uma empresa do Reino Unido.
Neste ano, diante da alta do custo de vida e da piora constante dos níveis de pobreza (entre 2000 e 2003, a pobreza aumentou em 3,8%), a população realizou várias passeatas e manifestações protesto. A repressão foi dura, causando 9 mortes e centenas de feridos.
Apesar dessas coisas, ajudar a livrar a África do exército de criminosos do LRA é um ponto a favor de Obama. Evidentemente a ajuda americana não foi para preservar a democracia onde ela não existe. Alguns analistas asseguram que o governo dos EUA estaria de olho nas fabulosas jazidas de ouro, prata, platina, cobre, cobalto e outros minerais preciosos, que seriam abundantes e inexplorados em Uganda.
Talvez. Mas uma coisa é certa: a missão americana contra o LRA insere-se no quadro da competição com a China pela hegemonia no continente africano, que os velhos colonialismos inglês e francês ainda tentam beliscar.
Os chineses vem usando suas armas: investimentos, financiamentos, joint ventures, enfim, usando o dinheiro que eles tem de sobra pra ganhar posições nas nações africanas.
Os EUA, no momento, não tem dinheiro. Mas tem outros recursos: forças bem treinadas e armamentos de última geração. São sua principal moeda de troca para conseguir privilégios e bons acordos econômicos com governos africanos, os quais, muitas vezes, tem de enfrentar poderosas guerrilhas.
No caso de Uganda, além dos 100 guerreiros, os EUA forneceram 45 milhões de dólares em modernos equipamentos e 4 aviões sem piloto.
O futuro vai mostrar se foi um bom investimento.
As forças de LRA não estão em Uganda a mais de 6 anos! Não há motivo para estes soldados norte-americanos estarem lá. Além do que essa tal de ONG, na verdade é uma INC (um incorporadora) e que repassou na última campanha apenas 31% para ajudar nas escolas e comunidade de Uganda. Seus líderes não são voluntários e ganham, muito bem, para levar a “ong” à frente. Há fotos dos dois fundadores do Invible Children (nome da INC) pousando com armas junto com a força armada do governo Museveni. Alguns afirmam q esta “ong” financia armas para Museveni, individuo que já contribuiu em vários massacres na África, entre eles o de Ruanda. Inclusive este mesmo Museveni já fez isso q Kony com as crianças locais, traformanda-as em soldados. Ross Limbaugh claro q está errado em suas colocações. Mas o motivo para o USA estarem no local tb não é legitimo
Concordo com você. Convém notar ainda que a LRA nem está mais em Uganda. Para que então serve a força americana?