Por amor a Israel, os EUA arriscam-se a perder a Arábia Saudita

A Arábia Saudita, o mais próximo e importante aliado árabe dos EUA, ameaça sair da “base aliada” americana na Ásia.Deu no New York Times: o príncipe Turki al-Faisal, antigo chefe da Inteligência saudita e embaixador nos EUA, afirmou que seu país não mais cooperaria com a América como sempre fez caso a Casa Branca vetasse o reconhecimento do Estado palestino na ONU.
        
A ameaça do príncipe foi confirmada oficialmente. Parece ser para valer. Al-Faisal explicou até onde iria a nova posição do seu país.”Os líderes sauditas seriam forçados, por pressões internas e regionais, a adotar uma política externa muito mais independente e assertiva.”
Ele deu também alguns exemplos das mudanças que poderiam acontecer a curto prazo. O governo saudita deixaria de somar com Washington no Afeganistão e no Iemen e se recusaria a abrir uma embaixada no Iraque, apesar das pressões americanas.

A aliança com a Arábia Saudita é da maior importância para os EUA. Sendo de longe o país mais rico do Oriente Médio, seu apoio à política externa americana tem o maior peso na contenção da expansão do Irã. Convém não esquecer ainda que a Arábia Saudita é também o maior produtor de petróleo do mundo, garantindo aos americanos o suprimento necessário.

Mas não é somente a indignação saudita que os EUA terão de sofrer caso vetem o pleito dos palestinos. O príncipe Al-Faisal explica:”Em adição a causar substancial dano as relações americano-sauditas e provocar comoção entre os muçulmanos de todo o mundo, os EUA
estarão minando suas relações com o mundo muçulmano, fortalecendo o Irã e ameaçando a estabilidade regional.”

Apesar disso tudo, entre a Arábia Saudita e Israel, Obama fica com Israel. As eleições estão aí e ele não tem coragem de enfrentar os poderosos lobbies israelo-americanos, que controlam o Congresso e são os principais financiadores dos candidatos democratas.
Obama não só declarou que vetará o reconhecimento do Estado palestino no Conselho de Segurança, como também está fazendo força para os países europeus apoiarem sua posição. Para os EUA, como Hillary Clinton acaba de afirmar, o caminho para a paz passa por Jerusalem e não por New York (sede da ONU). Só negociações resolveriam.
Isso quer dizer “provavelmente nunca”, há julgar por 30 anos de negociações que não deram em nada. E que agora ficarão ainda mais difíceis pois Israel é governado por um grupo político, de extrema-direita,  de posições mais duras e intransigentes do que quaisquer outros governos anteriores.

Depois de passar um ano tentando convencer Nethanyau a ter um pouco de bom senso e aceitar interromper a construção de assentamentos para permitir o prosseguimento das negociações de paz, Obama parece ter desistido. É verdade que fez declarações corajosas, pedindo a criação de um estado palestino tomando por base as fronteiras de 1967. Diante da reação fulminante de Nethanyau, através do Congresso americano, Obama praticamente pediu desculpas. Agora, limita-se a empurrar o problema palestino com a barriga.

Solução complicada por que sujeita a chuvas e trovoadas. Obama não devia confiar na passividade dos árabes. Provavelmente, ele ficou surpreendido com a reação da sempre cordata Arábia Saudita. Claro, não irá voltar atrás, permitir que os palestinos tenham seu estado reconhecido pela ONU. Quanto às ameaças do príncipe Al-Faisal, os estrategistas da Casa Branca apostam que o medo das feras iranianas e da Primavera Árabe, que assombra os regimes autocráticos do Oriente Médio, fará a Arábia Saudita voltar ao bom caminho.

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