Falta alguém no banco dos réus de Haia

Por ocasião do 10º.aniversário do atentado das Torres Gêmeas, Douglas Feith, ex número 3 da Secretária de Defesa no governo Bush, fez graves revelações a emissoras de TV do mundo inteiro.

Contou que o governo já tinha decidido atacar o Iraque por “razões de segurança” quando aconteceu o atentado contra as Torres Gêmeas. Aproveitaram, então, o clima de horror e medo que então se criou, divulgando uma falsa ligação entre a Al Qaeda e Saddam Hussein para justificar a invasão.
Douglas Feith foi figura central nessa manipulação que partiu do Escritório de Planos Especiais do Pentágono, liderado por ele.
Provocar uma guerra que causou a morte de 130 mil iraquianos e 4.500 soldados americanos, além da destruição virtual do Iraque e despesas calculadas entre 3 e 5 trilhões de dólares, é crime de guerra.
Douglas Feith confessou sua autoria diante de milhões de telespectadores.
A confissão, como se sabe, é chamada a “rainha das provas”. Ela liquida a questão, só admite contestação em situações muito especiais, quando o réu estava bêbado ou sofreu torturas.
Não era o caso de Feith, que a telinha mostrou tranqüilo e sorridente, gozando a peça que ele ajudou a pregar no mundo.
O procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional, foi expedito ao ordenar a prisão de Gadafi, alegando possuir provas de seus crimes contra os direitos humanos. Não disse quais eram, o que, vamos e venhamos, parece evidência bem inferior a uma confissão diante de emissoras de TV de várias partes do mundo.
O que o procurador está esperando para trazer Douglas Feith a Haia, para o banco dos réus do tribunal?
Não seria a primeira vez que esse tão falado “falcão” americano seria processado criminalmente em foros internacionais.
Em abril de 2009, o juiz Baltasar Garson, famoso por ter ordenado a prisão do ex-ditador Pinochet, indiciou-o num inquérito que o apontava como responsável por um “ programa sistemático de torturas” em Guantanamo,  juntamente com cinco outros antigos membros do governo Bush. Era o chamado “Bush 6”.
Em 2010, o juiz Garson foi suspenso pelo Supremo Tribunal Espanhol, por “abusos de autoridade” quando investigava crimes da ditadura do general Franco, coisas que o regime atual quer esquecer. Com isso, o “Bush 6” não deu em nada.
Desta, Douglas Feith escapou. Por enquanto, o procurador geral do Tribunal Penal Internacional não parece disposto a processá-lo pelos crimes de guerra que confessou. Seria embaraçoso, poderia acabar comprometendo figuras mais altas, como o vice-presidente Cheney, ou mesmo o próprio Bush. É mais confortável punir ditadores de países pouco expressivos como a Líbia, o Sudão e a Sérvia.
Douglas Feith foi chamado pelo general Tommy Franks comandante das invasões do Iraque e do Afeganistão, “o f … mais estúpido do planeta(the stupidest fucking guy on the planet).”.
Pode ser. Mas, em código nenhum do mundo, “estupidez” é  atenuante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *