Um comitê de notáveis ingleses foi formado para discutir a política externa do seu país.
Todos ocuparam as mais altas posições na área das relações internacionais, com o peito coberto de condecorações por serviços relevantes prestados ao país.
Vários pertencem à Câmara dos Lordes.
Gente séria, sem o lamentável oportunismo de certos políticos ingleses.
O grupo- liderado por lorde Howell, ex-ministro conservador- inclui lorde Reid, trabalhista, ex- secretário da Defesa; conselheiros senior em política externa dos governos Willian Hague (conservador) e Gordon Brown (trabalhista), além de diplomatas como lorde Hamsay, que foi embaixador do Reino Unido na ONU.
A surpresa é que esses provectos cidadãos manifestaram ideias audaciosas para engessada política internacional do mundo político britânico da atualidade.
Eles tiveram a coragem de colocar seus ilustres nomes em jogo, propondo uma revolução na política externa do Reino Unido: redesenhar seus contornos, afastando-se da tradicional subordinação às posições dos EUA.
Na região do Golfo Arábico, o comitê considera a política inglesa “confusa e desordenada”. Devido a estas falhas, influência do reino sobre o Irã e a Arábia Saudita teriam diminuído sensivelmente.
O relatório insiste que o secretário da Relações Exteriores, Boris Johnson, deve defender o acordo nuclear com o Irã, opondo-se ao governo Trump e seus generais.
Essa gente já começou seus ataques. Não fosse as preocupações com a agressividade da Coreia do Norte, já estariam comendo o acordo pelas beiradas.
Só esta rebeldia do grupo a Washington já deixaria os moradores de Downing Street, 10, com os cabelos em pé.
Porta- voz das propostas do relatório, lorde Howell diz que a defesa do acordo seria parte de um contexto amplo de uma nova política internacional inglesa (muito diferente da atual), pois: ”Em um mundo menos automaticamente dominado pela segurança sustentada pelos EUA não é mais correto, em cada situação concreta assumir uma posição de ‘precisamos apenas seguir os EUA e tudo irá dar certo.’ Realmente, precisamos pensar por nós mesmos.”
E Howell explica mais: “Precisamos de uma nova estratégia no Oriente Médio e de adotar políticas que reflitam a nova realidade da região. Não podemos mais aceitar que a América dê o tom para as relações do Ocidente com o Oriente Médio. E o Reino Unido deve pensar seriamente que a nossa abordagem precisa mudar. ”
De acordo com esta ideia, o relatório do comitê detalha algumas posturas a serem alteradas.
Apesar da posição contrária dos aliados EUA e Israel, o Reino Unido deve reconhecer a Palestina como Estado independente , afim de estimular o processo de paz no Oriente Médio.
Críticas foram feitas ao presidente Trump que em relação ao Irã e à solução dos 2 Estados independentes na Palestina “tomou posições que não são construtivas e podem acelerar um conflito. ” Boris Johnson, também não escapou por ter se distanciado dos esforços diplomáticos franceses que no ano passado tentaram abrir um caminho honesto e objetivo para resolver o problema do Oriente Médio. “O Reino Unido deveria apoiar essa iniciativa de significado político e financeiro.”
No relatório, o comitê pede uma mudança radical na postura concessiva de Londres diante dos sauditas, que passa por cima de motivos éticos por interesses comerciais.
O governo teria confiado demais nas garantias da Arábia Saudita de que usaria as armas vendidas pelos ingleses, na guerra do Iêmen, de acordo com as regras do direito humanitário internacional. ” E conclui: “Não é um modo correto de implementar as obrigações inglesas no tratado de comércio de armas. ”
Em consequência, o relatório solicita a “suspensão das vendas de armas aos saudita caso eles se mostrarem incapazes de serem mais transparentes sobre o do modo com que usam os armamentos ingleses. ” Uma atitude que mereceria não mais do que risadinhas de debche dos atuais responsáveis pela política externa do Reino Unido.
No entanto, lamenta o relatório, “o Reino Unido não aproveitou a oportunidade para definir uma clara exposição dos seus objetivos na região (o Golfo Arábico) para os quais ele poderia ser responsabilizado”.
Como a postura do governo britânico diante das nações do Golfo Arábico é basicamente limitada à promoção de vendas dos produtos do seu país, Tereza May não está nem aí para essas recomendações.
Em seguida, mais choques com posições americanas.
No caso do Irã, o comitê afirma que o Reino Unido e a Europa deveriam facilitar os regulamentos bancários para abrir novas fontes de financiamento para Teerã, mesmo que Washington não concorde. Para o grupo de notáveis ingleses, The Donald não tem apoio internacional para tornar emascular o acordo nuclear com o Irã.
Segundo o relatório, “não há boas opções na Síria. Tomar a remoção de Assad como pré-requisito não será aceitável na situação atual. ” Já a posição de Boris Johnson quanto à possibilidade do presidente Assad exercer um papel num futuro governo sírio teria sido “confusa, oscilando sempre”.
- Neste resumo de alguns pontos do relatório deste comitê de ingleses notáveis, até jovens nas ideias audaciosas, destaco uma advertência talvez chocante, mas provavelmente correta.
- “O governo Trump tem um potencial para desestabilizar o Oriente Médio, ainda mais. ”