Em junho, a ONU publicou sua lista de países que mais matavam crianças.
A Arábia Saudita estava lá, considerada responsável por 60% das crianças mortas na guerra do Iêmen.
Protestos furibundos do governo de Ruadh e ameaças de cortar suas polpudas contribuições aos programas da Unicef levaram Ban-ki-moon a retirar o reino da incômoda relação de transgressores.
Justificou-se o secretário-geral da ONU dizendo que tivera de ceder diante da perspectiva de ver reduzidos os recursos financeiros da UNICEF e assim cancelados vários programas de ajuda a crianças.
Porém, notou, sua decisão era temporária, dependia dos sauditas cumprirem seu plano de proteger vidas infantis da fúria dos seus bombardeiros.
Não deu outra.
Em agosto, a aviação saudita voltou a mostrar suas garras: suas bombas alvejaram um hospital dos Médicos Sem Fronteiras na província de Hajah, matando 15 civis e destruindo um serviço médico de emergência que atendia 200 mil pessoas, inclusive muitas crianças.
Pouco depois, foi a vez de uma escola na província de Saada ser alvo dos pilotos do reino.
10 crianças foram mortas, informou a revista Foreign Policy.
O governo de Riadh jurou que a escola era um campo de treinamento de meninos-soldados houthis.
E general saudita desabafou com a Associared Press: “Quando jatos atacam campos de treinamento não podem distinguir as idades dos alvos.”
No entanto, uma investigação da UNICEF concluiu que a maioria dos mortos tinha entre seis e oito anos. Ao que se sabe, nuca qualquer grupo foi suficientemente louco para convocar soldados com essa tenra idade.
O embaixador saudita na ONU protestou veementemente, argumentando que a retirada do nome do seu país da lista negra seria para sempre.
Curiosa tese que, seguida à risca, permitiria a acusados de assassinatos que, sendo inocentados, teriam licença para matar à vontade.
Com ela não concordou o secretário da ONU que deverá enviar carta a Riadh, comunicando sua volta à lista da qual não deveria jamais ter saído.