As eleições sírias foram desprezadas pela chamada comunidade internacional.
EUA, União Européia e até a ONU consideraram que elas não tinham nenhum valor.
Afinal, foram realizadas em apenas uma parte do país, por um governo que, segundo Barack Obama, “perdera sua legitimidade” e do qual se esperava um pleito marcado por irregularidades, violências e desinteresse do povo.
Na verdade, não foi bem assim.
O partido de Assad, o Baath, ganhou 200 dos 250 lugares do parlamento, ficando os demais para candidatos independentes. O que não surpreendeu ninguém. A oposição ou estava em armas, combatendo o governo, ou negara-se a concorrer.
O que causou espanto foi o grande comparecimento (o voto não é obrigatório), 58% (igual ao da última eleição federal canadense).
O interesse pela eleição foi tão alto que 140 mil sírios refugiados no Líbano, atravessaram a fronteira, passando um dia em seu país somente para votar.
Nem ONGs, nem a imprensa apontaram violências ou lances desonestos em favor dos candidatos do governo.
Até prova em contrário, sua vitória foi legítima.
A primeira lição que se tira é que, em caso de pacificação do país, Assad será forte candidato, senão o favorito.
De um lado, é bom para ele porque seus representantes em Genebra podem falar mais alto nas negociações de paz.
Bom mas não muito porque EUA, Turquia, Arábia Saudita e rebeldes sírios tem motivos mais sérios para redusarem uma paz com Assad autorizado a se candidatar de novo à presidência.
Se as eleições tivessem sido roubadas, com comparecimento mínimo de eleitores, Assad sairia mais fraco.
E com isso, com chances mais fortes de não ser vetado pelos seus adversários.