Como se sabe, a França é um dos países que ainda sofre os efeitos da grande crise.
Por isso, foi muito bem-vindo, em 2011, um contrato de 1,2 bilhão de dólares com a Rússia para lhes fornecer dois modernos porta- helicópteros da classe Mistral, sucessivamente em 2014 e 2015.
Mas Obama foi um desmancha-prazeres.
Devido às ações russas na Ucrânia, a Europa, atendendo ao presidente americano, lançou pesadas sanções contra Putin. O negócio da França com Moscou teria de ser desfeito.
No começo, Hollande resistiu: tinha assinado um contrato, o primeiro porta -helicópteros já estava pronto e o dinheiro já aquecia os cofres de Paris.
A Casa Branca continuou insistindo.
Victoria Nuland, sub-secretaria de Estado- famosa por seu “f…a Europa”, durante a revolução ucraniana – declarou no Comitê de Assuntos Estrangeiros da Câmera de Representantes dos EUA : “Nós temos regular e consistentemente expressado (ao governo francês) nossa preocupação quanto a esta venda…e continuaremos a fazer isso.”
Tanto fizeram que Hollande acabou cedendo.
Nem todos os presidentes franceses são como de Gaulle.
Para salvar a face, declarou que o negócio continuava de pé. A entrega do porta- helicópteros não fora cancelada, apenas suspensa temporariamente, “até notícias posteriores” sobre o comportamento russo no affair Ucrânia.
Os russos foram pacientes, esperaram, esperaram. Esperaram muitos meses.
Como as notícias posteriores sobre seu comportamento nunca foram consideradas satisfatórias pelo Champs Elysées, Putin considerou o contrato rompido e exigiu seu dinheiro de volta.
Adieu billion.