Avigdor Lieberman, ministro do Exterior israelense, é o líder de direita mais radical do pedaço.
Perto dele, Netanyahu não passa de um tucano moderado.
Domingo passado (8 de março), em reunião de sua campanha eleitoral, Lieberman alvejou os palestinos rebeldes: “…aqueles que são contra nós, não pode haver misericórdia, precisamos erguer um machado e decapitá-los – caso contrário não sobreviveremos a eles.”
Comentando esta proposta, Abrahan Diskin, professor de Ciência Política da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirmou :”É contra a lei pregar a violência e execuções brutais, em particular. Ele deveria ser investigado, o que ele disse é uma ofensa criminal, mesmo levando em conta a liberdade de expressão.”
Como se esperava, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, também protestou, ameaçando levar o caso ao Tribunal Criminal Internacional.
Em troca, Lieberman disse que responderia a Abbas e aos rebeldes palestinos quando for nomeado ministro da Defesa pelo próximo governo e tiver sob seu controle o exército israelense.
Os árabes cidadãos de Israel também são vistos de forma hostil pelo ministro do Exterior.
Lieberman já propôs que eles fossem obrigados a se mudar para território da Palestina no caso dela se tornar independente.
Com a proximidade das eleições, o partido do ministro fez aprovar uma lei aumentando o limite mínimo de votos necessário para um partido poder ser representado no Knesset (parlamento de Israel).
Divididos entre vários partidos, os árabes israelenses fatalmente não conseguiriam atingir esse número e ficariam de fora.
Foi uma furada.
Diante da perspectiva de exclusão das decisões políticas, os árabes se uniram numa coalizão.
Nas últimas pesquisas, aparecem em 3º lugar nas intenções de votos, devendo eleger 13 deputados se a eleição fosse agora.
A lei de objetivos anti-árabes teve um efeito de bumerangue sobre o partido de Lieberman.
As pesquisas indicam que provavelmente não terá votos suficientes para eleger nem quatro deputados.
Com isso, os ultra-direitistas serão barrados do Knesset.
E Lieberman não terá chance de voltar a ser ministro, mesmo que Netanyahu ganhe.
Ele não vai querer representantes de um partido sem deputados no seu gabinete.