Os EUA e a OTAN devem se retirar do Afeganistão, mas vão deixar efeitos colaterais da sua guerra.
Ficarão 240 áreas extensamente penetradas por minas, que podem explodir a qualquer momento.
Para dar uma idéia, a principal delas mede cerca de 190 quilômetros quadrados, é maior do que a cidade de Washington.
Caberá aos EUA a responsabilidade de limpar 73 destas áreas, somando um total de 1.300 quilômetros quadrados. O exército do Afeganistão deverá se encarregar da limpeza da metade das 240 áreas minadas.
Esse trabalho está longe de ser concluído.
Os EUA, por exemplo, só fizeram 3% da sua parte.
Enquanto isso, civis vem sendo alvejados ao passarem por esses campos de morte.
Desde 2012, o Centro de Coordenação da Ação de Minas do Afeganistão, da ONU, já contabiliza 70 vítimas e este número vem aumentando sempre.
88% foram crianças que, ao procurarem lenha ou pedaços de metais, foram atingidas por explosões súbitas que as mataram ou deixaram aleijadas.
O Washington Post informa que descobriu a existência de mais 14 vítimas não incluídas na relação da ONU.
Isso faz crer que já existam ainda mais, refletindo a grande dificuldade dos organismos oficiais de obter informações a respeito destes tristes incidentes.
A crítica que se faz é que somente agora os exércitos aliados estão se preocupando em limpar os campos minados.
Segundo o Washington Post (9 de abril), o exército americano precisará de mais 5 anos para realizar seu trabalho.
Se tivesse começado a limpeza dos campos minados há anos atrás, haveria muito menos vítimas inocentes.
A esse respeito diz o major Michael Fuller, chefe da Ação de Minas do Exército Americano no aeroporto de Bagram: “Infelizmente, o pensamento era: ‘Estamos numa guerra e não temos tempo para isto”.