Durante a guerra do governo colombiano contra as FARCs, milhares de camponeses foram desalojados.
Fugindo dos combates ou expulsos por paramilitares, guerrilheiros, fazendeiros ou exército, eles perderam um volume total de 23.500 milhas quadradas de terras, desde 1991.
A concentração fundiária no país cresceu muito, chegou-se a uma situação em que 52% das áreas rurais estão nas mãos de apenas 1,5% de proprietários.
Hoje as hostilidades estão praticamente encerradas.
Um acordo de paz está sendo discutido entre governo e FARCs, em Havana. E vai indo bem.
Em 2011, mesmo antes dessas negociações começarem, o presidente Santos (centro-direita) iniciou um programa para devolver aos camponeses desalojados as terras roubadas ou abandonadas.
Mas sua implementação é complicada.
Autoridades estimam que levará 10 anos para que a justiça seja feita para todos.
Enquanto cada caso não é analisado e resolvido, os grupos de paramilitares, capangas de fazendeiros e grileiros agem, ameaçando e mesmo matando aqueles que reclamam a devolução de seus sítios.
Os paramilitares chegam a impor controles violentos sobre algumas áreas.
O governo anterior promoveu um programa de desmobilização deles, mas agiu de forma fraca e mesmo tolerante – diversos grupos permaneceram intactos e atuantes.
São os responsáveis pela maioria dos crimes no campo.
A Human Rights Watch tem documentados 21 assassinatos nos quais os pesquisadores encontraram “incontestáveis evidências” de que vitimaram aqueles que reclamavam a restituição de suas terras.
Embora centenas de camponeses que buscam seu direito tenham recebido ameaças das gangs de usurpadores, eles não se intimidam.
O governo já contabiliza o atendimento de 49.500 reclamações, com a distribuição de 11.000 milhas quadradas de terras.
Em Havana, representantes do governo e das FARCs completam um acordo que porá fim à mais longa guerrilha da América Latina.
Mas sua sequela, o problema dos camponeses desalojados, continua.