Os palestinos levaram quase 4 anos jurando que, sem congelamento dos assentamentos, jamais topariam negociar com Israel.
Mas, neste ano, Obama chegou em Ramallah e disse para o presidente da Autoridade Palestina parar com isso.
Foi obedecido.
Nos meses seguintes, John Kerry, o secretário de Estado americano, reuniu-se com os dois lados, procurando convencê-los a se sentar à mesa das negociações.
Netanyahu continuou se negando a cumprir a exigência dos palestinos mas, mesmo assim, eles acabaram topando discutir a paz.
Corre que Bibi prometeu, secretamente, não construir nada de novo na Cisjordânia, pelo menos até se ver no que as conversações iriam dar.
Parece que os palestinos estavam contando com isso.
Depois de reuniões preparatórias, marcou-se para 14 de agosto a primeira reunião entre israelenses e palestinos.
O otimismo inicial teve curta duração.
Pegou mal quando Telaviv anunciou subvenções para 91 assentamentos, inclusive vários ilegais.
Suspeito, uma vez todos ou quase todos deveriam ser integrados na futura Palestina independente.
Nem bem os chefes dos movimentos de libertação começaram a reclamar, Israel veio com outro lance, mais grave: aprovou os estudos de construção de 800 unidades nos assentamentos.
Para o movimento judeu pró- independência palestina, “Paz Agora”, foram, na verdade, 1096 unidades, sendo que 11 serão em assentamentos ilegais e algumas outras bem afastadas das fronteiras.
Ou seja: em regiões que, conforme ideias expostas pelos políticos moderados israelenses, fariam parte do futuro Estado da Palestina.
Aí, sujou.
Saeb Erekat, chefe dos negociadores palestinos, ameaçou com o rompimento das negociações antes mesmo de começarem.
Ele escreveu a John Kerry, pedindo que impedisse as novas construções, do contrário seria difícil “promover progressos em direção ao acordo de paz.”
Acrescentou que a nova decisão israelense era “prova de sua má intenção e falta de seriedade.”
Hanan Ashrawl, membro do comitê executivo da “Organização Para a Libertação da Palestina”, representante da população da região aceita por EUA e Israel, foi mais dura. Para ela,tratava-se de uma demonstração da “posição pró-colonização de Nertanyahu e seus parceiros de coalizão, que estão determinados a fazer fracassar a iniciativa do secretário Kerry…Com suas políticas, Israel está efetivamente anexando a Margem Oeste ocupada.”
Em resposta, o porta-voz do departamento de Estado garantiu que os EUA não concordavam com a contínua construção de assentamentos.
Certamente, John Kerry já deve ter pressionado o primeiro ministro de Israel para acalmar os ânimos.
Bibi tem uma saída fácil: os estudos são preliminares, para serem executados dependem da aprovação do governo.
Portanto, ainda não haveria nada de definitivo quanto à construção desses novos assentamentos. Os palestinos estão chorando à toa.
Israel sabe que não convém brigar antes da reunião da ONU, em setembro.
Nessa ocasião, é preciso que o processo de paz esteja bem vivo.
Do contrário, os palestinos poderão pedir no Conselho de Segurança da ONU seu ingresso como Estado- membro pleno.
E até conseguir vencer.
O prestígio Israel anda meio cambaleante a nível global.
Recentemente, a Europa Unida proibiu quaisquer acordos dos países-membros com instituições ou empresas dos assentamentos.
Isso prova que os europeus perderam a paciência com as repetidas transgressões israelenses das leis internacionais.
Caso o processo de paz vá para o espaço por culpa do governo de Telaviv, a Europa tenderá a por Israel no limbo.
O que colocaria Barack Obama numa saia justa.
Seria muito chato ficar contra os amigos europeus e o resto do mundo… ainda mais na defesa de uma causa que sabe injusta e ilegal.
Mas Israel tem vastos apoios políticos e financeiros nos EUA.
Isso ainda pesa mais nas decisões da Casa Branca.
.