Há duas semanas, milicianos armados cercaram os prédios de dois ministérios, em Tripoli, capital da Líbia, impedindo a entrada ou saída de qualquer pessoa.
Exigiam uma lei para proibir que funcionários do governo Kadafi ocupassem cargos públicos. Queriam também a demissão do primeiro-ministro Ali Zeidan.
Incapaz de reagir, o governo concordou com o que era solicitado.
Zeidan conseguiu manter-se em seu posto, depois de prometer a nomeação de novos ministros em lugar de vários dos atuais.
Foi mais uma derrota do governo diante das milícias, cada vez mais abusadas.
A maioria delas recusou-se a entregar suas armas e aceitar sua subordinação ao aparelho estatal.
Em diversos pontos do país, elas prenderam ex- partidários do ditador deposto e chegaram a torturar e até executar alguns deles.
Houve vários conflitos armados entre grupos rivais, particularmente no interior.
Em Bengazi, segunda maior cidade líbia, onde o embaixador americano e mais 3 outros diplomatas foram assassinados num atentado, bombas foram lançadas em 4 delegacias na semana passada.
Com o cerco dos ministérios, a ação agressiva das milícias chegou à capital, Tripoli, deixando as autoridades temendo que tenha sido a primeira etapa de uma escalada com resultados imprevisíveis.
A verdade é que o Ocidente, a Arábia Saudita e o Qatar armaram grupos ingovernáveis, a maioria deles jihadistas, cujas posições pouco ou nada tem a ver com democracia.