Bradley Manning, o soldado que forneceu ao Wikki Leaks documentos revelando fatos embaraçosos sobre as ações diplomáticas e militares americanas, está sendo submetido a um pré-julgamento, nesta semana, em Fort Meade.
Antes de ser transferido à base de Fort Leavenworth onde está agora, Manning passou 11 meses preso em Qantico, de julho de 2010 a abril de 2011, em condições que configuram punição pré-julgamento. O que seria uma violação do Código Militar e da Constituição dos EUA.
Baseado nesse fato, os advogados de Manning tentam convencer um juiz militar a liberá-lo.
Durante os primeiros 5 meses em Qanico, Manning foi confinado a “algo equivalente a prisão solitária”- uma cela de 6 por 8 pés, sem janelas, nem luz natural – por 23 horas e meia por dia.
Era acordado às 5 da manhã e obrigado a permanecer desperto até as 10 da noite, sem poder deitar-se na cama ou encostar-se na parede.
Não lhe era permitido fazer exercícios.
Guardas o vigiavam de 5 em 5 minutos. Se ele estivesse deitado ou encostado na parede, os guardas o obrigavam a ficar de pé.
O advogado David Coombs informou que o comandante da base mantinha Manning em custódia de segurança máxima e numa “prevenção de auto-ferimentos”.
Isso apesar de psiquiatras militares terem atestado que Manning não apresentava risco algum para si próprio e que o tratamento por ele recebido estava lhe causando danos psicológicos.
Por causa do “status de prevenção de auto-ferimentos”, tinha de dormir num colchão “anti-suicídio” sem travesseiros, coberto por um cobertor “à prova de suicídios” que, de acordo com seu advogado, era áspero e não aquecia.
Ele era forçado a entregar toda a roupa à noite e dormir nu.
Mais tarde, foi obrigado a usar um “avental de suicida”, que era pesado, restringia os movimentos e quase o sufocava.
Estas condições foram criticadas pelo relator especial da ONU, que as considerou como torturas.
A Anistia Internacional as declarou desnecessariamente severas pelas autoridades americanas, configurando tratamento desumano.
”Manning não foi condenado por qualquer crime, mas as autoridades militares parecem estar usando todos os meios disponíveis para puni-lo enquanto detido,” afirmou a Anistia. “Isto solapa o compromisso dos EUA com a presunção de inocência.”
O ex porta-voz do Departamento de Estado, Pat Crowley considerou as condições da prisão de Manning “ridículas, contraproducentes e estúpidas”, tendo em seguida pedido demissão.
A maioria dos especialistas duvida que algum juiz militar tenha coragem de anular o julgamento de Bradley Manning pelo tratamento punitivo por ele recebido na prisão, embora isso fosse permitido pelas leis militares.
No entanto, na corte marcial, que deverá começar em janeiro de 2013, ele solicitará um crédito de 10 por 1. Ou seja, uma redução da pena que lhe for atribuída de 10 dias para cada dia que ele esteve confinado antes do julgamento.
Manning poderá ser condenado à prisão perpétua por ter revelado coisas que o governo gostaria de ver escondidas debaixo do tapete.
Não vai pegar nada bem considerando que Obama prometeu o governo mais transparente da história dos EUA.