No dia internacional do Holocausto, em que se lembra essa tragédia monstruosa, um general israelense teve a coragem de apontar graves distorções na postura da sociedade israelense.
Chagou a comparar seu comportamento com o dos nazistas alemães.
“É assustador”, disse o general Yan Golan em discurso perante altas autoridades, “ver que horríveis fatos que aconteceram na Europa começam a desenrolar-se aqui”.
A seguir, foi mais esclarecedor: ”O Holocausto deveria nos levar a meditar sobre nossas vidas públicas. Porque se há alguma coisa que assusta ao lembrar o Holocausto é verificar que posturas horríveis que aconteceram na Europa – especialmente na Alemanha – há 70, 80 e 90 anos atrás, sobrevivem aqui entre nós no ano de 2016.””
Golan apelou também para que se “abandone os primeiros sinais de intolerância, violência e auto-destruição que brotam no caminho da degradação moral.”
Notou que “não há nada mais fácil e mais simples do que cultivar o medo e as ameaças. Não há nada mais fácil e mais simples do que comportar-se como animais, tornando-se moralmente corruptos e hipócritas.”
O general lembrou ainda o caso recente de Elor Azaria, um soldado israelense que, na Cisjordânia, matou a tiros um agressor palestino ferido, caído no chão e desarmado.
As palavras do general Golan foram uma condenação do clima de ódio e violência que tomou conta de Israel desde o início da onda de esfaqueamentos de judeus por palestinos revoltados com a ocupação militar da Palestina que se eterniza e as violências do exército contra o povo da região.
As pesquisas mostram uma maioria de aprovação dos judeus israelenses à execução na hora de palestinos suspeitos de tentativa de esfaqueamento e a indiferença do povo e da maioria dos jornais quando manifestantes palestinos desarmados são mortos pelas forças de segurança.
Como era de esperar a ultra-direita israelense caiu de pau no general Golan. Diversos ministros o criticaram, os mais brandos taxando-o de desinformado.
Embora tenha sido apoiado por políticos mais conscientes, organizações humanitárias, intelectuais e artistas, observadores não dão vida longa para a carreira militar do general.